Pequenas ações no nosso cotidiano podem ajudar bastante a manter a saúde em dia, principalmente quando não há tanto tempo para praticar atividade física. Algo tão simples quanto subir escadas, por exemplo, pode ser incrivelmente benéfico. Mesmo que pareça um gesto pequeno, integrar esses movimentos na nossa rotina diária é um jeito prático de lutar contra o sedentarismo e suas consequências.
Segundo um estudo publicado em setembro no periódico Atherosclerosis, subir mais de cinco lances de escada diariamente, aproximadamente 50 degraus, pode reduzir o risco de aterosclerose (acúmulo de placas de colesterol nas paredes das artérias) em 20%.
“Figurando como a principal causa de morte no ocidente e entre as maiores responsáveis pela ocorrência de infartos e AVC (acidente vascular cerebral), a aterosclerose é caracterizada pelo estreitamento e enrijecimento das artérias devido ao acúmulo de placas de gordura em seu interior, assim prejudicando o fluxo sanguíneo adequado”, explica a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance.
Vantagens de subir escadas
No estudo, os pesquisadores coletaram dados de 450 mil adultos, que tiveram sua suscetibilidade a doenças cardiovasculares calculada com base no histórico familiar e fatores de risco estabelecidos. Além disso, os participantes foram entrevistados sobre seu estilo de vida e a frequência com que subiam escadas.
Um acompanhamento também foi realizado após 12 anos. Com isso, foi possível concluir que subir mais escadas diariamente é capaz de reduzir o risco de aterosclerose independentemente da suscetibilidade do indivíduo à doença.
“O estudo mostrou que pequenas sessões de subida de escada com alta intensidade são uma maneira eficiente de melhorar o condicionamento cardiorrespiratório e o perfil lipídico, principalmente para quem não consegue atingir as recomendações diárias ideais de atividade física, assim destacando o hábito como uma medida preventiva acessível contra a aterosclerose para a população em geral”, destaca a médica.
Prática ajuda no combate a inflamação
A Dra. Beatriz Lassance explica que subir escadas também faz parte das recomendações pré-operatórias que a cirurgiã plástica faz aos seus pacientes como forma de ajudar a combater a inflamação comum de procedimentos cirúrgicos, por exemplo.
“Subir escadas é uma maneira de gastar a energia produzida pelas mitocôndrias, que são organelas que existem dentro das nossas células e são responsáveis por transformar glicose em energia. Se essa energia não é gasta, há um acúmulo de radicais livres nas células que ameaça sua sobrevida. Então, o DNA elimina essa mitocôndria, gerando resíduos como radicais livres e outras substâncias que favorecem a inflamação do organismo como um todo”, diz a médica.
A profissional afirma, também, que esse quadro inflamatório afeta os vasos sanguíneos, favorecendo doenças cardiovasculares, o cérebro, predispondo a doenças neurológicas como Alzheimer; aumenta a incidência de câncer e diabetes; e prejudica a pele, interferindo na cicatrização e na recuperação pós-operatória.
“Em contrapartida, se utilizamos a energia produzida, uma quantidade adequada de radicais livres é formada e mais mitocôndrias são geradas. Esse é o melhor sistema antioxidante que podemos ter”, destaca.
Importância de movimentar o corpo
A Dra. Beatriz Lassance ressalta que não é só subir escadas: andar, dançar, pular corda, passear com o cachorro, brincar com os filhos, vale tudo para combater o sedentarismo, preservar o funcionamento das mitocôndrias e contribuir com a manutenção da saúde.
Mas é importante lembrar que essas estratégias não substituem totalmente a prática regular de atividade física, figurando como um complemento, principalmente para aqueles dias em que não conseguimos ir à academia ou praticar um esporte.
“Subir escada, aumentar o número de passos por dia ou qualquer outra atividade que faça o corpo se mexer já pode trazer benefícios, mas o ideal é realizar semanalmente 150 minutos de exercícios físicos de intensidade moderada, o que pode ajudar a prevenir uma infinidade de doenças e até reverter casos de diabetes tipo II, hipertensão e depressão”, finaliza a Dra. Beatriz Lassance.
Por Guilherme Zanette
Fonte: Read More