A assexualidade, também conhecida como espectro assexual, é uma orientação sexual caracterizada pelo interesse baixo ou ausente por sexo, independentemente do gênero. Isto é, o indivíduo assexual não sente o desejo de praticar a sua sexualidade com todas as imposições que o ato exige.
“Os assexuais possuem sentimentos, mas não o desejo total de fazer sexo. Ou seja, o sentimento de amor e a atração sexual não estão necessariamente associados. A atração romântica pode existir, mas não a atração sexual”, esclarece Andrea Ladislau, psicanalista e especialista em Psicopedagogia e Inclusão Digital.
Sub-orientações da assexualidade
Diferentemente de outras orientações sexuais, a assexualidade é considerada um termo que engloba diversas sub-orientações. A seguir, a psicanalista Andrea Ladislau cita as características das seis principais:
Assexual estrito: não sente atração sexual em nenhuma circunstância e em nenhum momento;
Grayssexual: sente atração sexual de forma reduzida, independentemente do vínculo afetivo/emocional;
Demissexual: sente atração sexual apenas quando desenvolve o vínculo afetivo/emocional;
Frayssexual: sente atração sexual apenas quando não há um vínculo formado;
Cupiossexual: não sente atração pelos outros, mas apresenta desejos sexuais e vontade de ter uma vida sexual ativa;
Assexual fluído: flutua entre o demissexual e o grayssexual.
Formas de identificar a assexualidade
A fim de identificar a assexualidade, seja em qualquer uma das sub-orientações, é preciso que haja uma investigação intensa. Nela, o indivíduo terá que responder a algumas perguntas internas ligadas à forma de interagir com o outro e a suas próprias reações emocionais. Segundo Andrea Ladislau, as principais questões a serem respondidas são:
A atração sexual existe?
Existe uma atração por outras pessoas, independentemente do gênero?
Existe uma pressão interna a gostar de sexo e ter que se relacionar com outras pessoas?
Há uma submissão interna ao ato sexual por medo de julgamentos?
A rotina é vivida de forma leve sem a necessidade da prática sexual?
A psicanalista explica que as respostas para essas perguntas não necessariamente irão apontar se a pessoa é assexual ou não. Entretanto, elas poderão ser de grande auxílio no processo de descoberta da orientação sexual.
Importância da psicoterapia
Além da investigação interna, o tratamento psicológico também é importante para o processo de descoberta e de entendimento da assexualidade. Andrea Ladislau comenta que a psicoterapia pode ajudar a pessoa a se conhecer melhor, a definir suas prioridades, a determinar seus limites e a reconhecer seus desejos internos.
“Dessa forma, o indivíduo poderá se blindar contra os preconceitos e os enquadramentos que são impostos pela sociedade atual. Ou seja, através de ferramentas específicas, a terapia auxilia na construção do ‘eu’ real’”, explica a psicanalista.
Diferença entre ausência de libido e assexualidade
Apesar de a assexualidade ter como característica principal a ausência total ou parcial do desejo por sexo, existe uma diferença entre essa orientação sexual e a falta de libido (impulso sexual). “A ausência de libido pode estar relacionada a questões comportamentais, culturais, ou, até mesmo, biológicas; enquanto a assexualidade é a falta ou o pouco desejo sexual por escolha, sem interferências externas. Pessoas assexuais têm libido, mas esse instinto não é necessariamente erótico”, avalia Andrea Ladislau.
Mitos sobre a assexualidade
Assim como ocorre com outras orientações sexuais, a falta de informação e o preconceito fazem com que muitos mitos se formem em torno da assexualidade. A seguir, veja alguns deles:
A assexualidade é um problema hormonal?
De acordo com Andrea Ladislau, pessoas assexuais podem ter problemas hormonais, mas a falta total ou parcial de atração sexual não está relacionada a isso.
Pessoas assexuais sofreram traumas na infância?
A psicanalista enfatiza que pessoas que sofreram traumas sentem desejo sexual, mas o reprimem por
medo. Os assexuais, por sua vez, somente não enxergam o sexo como essencial, não tendo sua orientação ligada a experiências emocionais negativas.
Uma pessoa só é assexual porque nunca experimentou fazer sexo?
Andrea Ladislau afirma que a inexistência da experiência sexual não interfere no desejo: “tanto que alguns tipos de assexuais podem fazer sexo de forma eventual, não corriqueira. Outros podem experimentar o sexo e não se sentir atraídos pela experiência”, conclui.
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