O dia a dia está cada vez mais cansativo, principalmente nas grandes cidades. A competitividade no mercado de trabalho, a instabilidade no emprego, o trânsito, a violência, entre muitos outros fatores, tornam a vida ainda mais estressante. E a mulher é a que mais sofre com tudo isso. Por vezes, precisa se esforçar muito para mostrar que é tão capaz quanto os homens, além de ainda ser uma das principais responsáveis pela organização e cuidados do lar. Muitas delas ainda possuem um forte desejo de ser mãe, mas acabam não encontrando espaço em meio a toda essa correria.
Cuide da saúde antes de engravidar
Antes de engravidar, é importante que a mãe se organize muito bem para esse momento. “A futura mãe deve lembrar que vai se preparar para gerar uma vida. Com isso, é necessário que ela esteja bem de saúde”, alerta a ginecologista e obstetra Dra. Matilde Augusta Moura.
A especialista sugere que a mulher, quando estiver planejando engravidar, passe por uma avaliação completa com um médico ginecologista, para verificar as mamas, a parte ginecológica (papanicolau, pesquisa de HPV, eventuais lesões do colo e corrimentos) e saúde em geral (anemia, tireoide, colesterol e infecção urinária).
“Se a paciente estiver bem de saúde, é possível interromper o anticoncepcional por 3 meses e iniciar o uso de ácido fólico, vitamina C e vitamina E”, acrescenta a médica. Ela também enfatiza que todo casal fértil pode demorar até 6 meses para gerar uma criança, e que isso não é sinal de anomalia.
Toda essa preparação é importante para que a mulher tenha uma gestação saudável, evitando possíveis doenças que afetam o desenvolvimento do feto. Adotar hábitos de vida saudáveis e melhorar a alimentação também são medidas essenciais. Entretanto, também é muito importante que a mulher cuide de sua saúde mental.
Efeitos do estresse na gestação
Diversos estudos comprovam a influência das emoções e sentimentos maternos no desenvolvimento do feto. Alguns resultados mostram que o estresse durante a gravidez age sobre o desenvolvimento do feto como um fator teratogênico, ou seja, uma substância que pode afetar negativamente o desenvolvimento da criança, da mesma forma que o álcool e as drogas.
Segundo a Dra. Matilde Augusta Moura, o estresse deixa o corpo em estado de alerta, com grande estímulo de adrenalina. Esse processo compromete a circulação feto/placentária, ocorrendo vasoconstrição, com a possibilidade de descolamento da placenta, o que levaria ao aborto ou parto prematuro.
“Já acompanhei várias gestantes que vinham evoluindo bem, e diante de uma situação de grande estresse o feto não desenvolveu o esperado ou o líquido [amniótico] diminuiu. Nesse caso, a paciente foi afastada do motivo do estresse e a gestação se normalizou”, exemplifica a ginecologista e obstetra. Entretanto, a especialista ressalta que essas consequências ocorrem apenas em casos de longos períodos de estresse e que fogem do controle da paciente.
Como se livrar do estresse?
A psicóloga comportamental Paula Pessoa Carvalho reitera que a ligação entre a mãe e o bebê é muito forte. Como o estresse causa diversas alterações no organismo da mãe, essas modificações também afetam o bebê, assim como qualquer sensação vivenciada pela gestante, como tristeza, felicidade, tranquilidade e nervosismo.
A especialista sugere que, se a mãe planejou a gravidez, mas não consegue se afastar dos agentes causadores do estresse, ela deve adotar algumas práticas para diminuir a intensidade dele. “É importante tomar medidas como o descanso, pois o corpo pede essa pausa. Reserve alguns momentos de relaxamento. É importante ter uma ‘válvula de escape’ para que seu bebê não sofra esse prejuízo causado pelo estresse”, aconselha Paula Pessoa Carvalho.
Terapia e outras formas de diminuir o estresse
A terapia também pode ser uma boa opção para mulheres em momentos muito estressantes da vida. De acordo com a psicóloga Claudia Nogueira, uma boa opção de terapia para as gestantes é a cognitiva comportamental. “É uma terapia de enfoque breve e voltado para o problema, proporcionando o controle do estresse e mais qualidade de vida para a gestante e seu bebê”, sugere.
Ela também indica outras medidas que podem auxiliar no combate ao estresse: “Relaxamento, massagens, meditação e, principalmente, busca de uma nova forma de interpretar as situações estressantes, de novas alternativas que gerem mais conforto emocional para esse momento e, sem dúvida, acariciar, conversar e sentir o seu bebê fará muito bem para a gestante e seu filho”, garante a psicóloga.
Foque em você e no agora
Para aliviar um pouco do estresse, a Dra. Matilde Augusta Moura orienta a gestante a pensar no momento único que está vivendo e afirma que, se ela está diante de uma situação que não consegue alterar, é preciso se adaptar.
“A minha sugestão é: respire fundo três vezes e pense ‘estou no melhor momento da minha vida, um momento abençoado’. Coloque a mão na barriga, foque seu pensamento no bebê e reflita sobre algo que a deixe feliz. Isso é rápido e fácil de fazer. Retorne às suas tarefas e perceba que, quando a situação não pode ser mudada, mudamos nós e tudo acaba bem”, finaliza a médica.
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