Esses dias fiz um convite a uma pessoa para participar de uma prática meditativa. Sem pestanejar, ela me disse que já o fazia quando andava de bicicleta e que isso era um hábito diário. Confidenciou-me que, quando entrava no ritmo das pedaladas, no fluxo da estrada e na respiração sincrônica ao movimento, em muitos momentos sentia uma espécie de processo contemplativo que lhe causava maravilhamento.
Me lembrei de algumas vezes, muitos anos atrás, em que participei de caminhadas meditativas com a Monja Coen. O bem-estar que gerava me fez adotar a caminhada também como um recurso meditativo.
Quando pratico as danças indígenas, na maioria das vezes em grupos, de mãos dadas e formando círculos, também são expressões que promovem uma espécie de meditação coletiva. Todos os participantes se entrelaçam em cânticos e ritmos que viabilizam determinada concentração, conexão, entrega e elevação individual e coletiva.
O significado da prática
Mas o que me chama a atenção neste momento é justamente a palavra meditação. O que é meditação? Normalmente, associamos a relaxamento ou capacidade de foco. Para aqueles que possuem mais intimidade com a sabedoria oriental, inclui-se também a arte do êxtase, da transcendência, da plenitude. Já aqueles de dominância mais ocidental imediatamente associam a meditação à reflexão.
Perspectivas Ocidentais e Orientais
O cidadão do Ocidente me parece que tem dificuldade de parar o corpo, de modo que necessita que o organismo esteja ocupado para meditar. O cidadão do Oriente simplesmente tornou universal a posição do lótus, na qual o meditante se encontra sentado. A ciência e a universidade colocaram a meditação no centro de suas pesquisas e surgiu o mindfulness, trazendo a necessidade e a prioridade de estarmos presentes, no agora.
Descobrindo a essência por meio da meditação
Com suas peculiaridades e transformações, o fato é que poder acolher e realizar uma prática meditativa nos beneficia em muitos níveis internos e nos ajuda a nos colocar em nosso próprio lugar. Em um espaço único que nos considera além de nossas ocupações e pré-ocupações.
Por meio da meditação, podemos dar valor e compreender melhor o poder da respiração, do relaxamento, da concentração, da conexão, da intenção. Podemos assim, paradoxalmente, nos afastar de nós mesmos para nos aproximar daquilo que é verdadeiramente a nossa essência.
Por Kaká Werá – revista Vida Simples
É um ecologista do ser e cultivador da arte do equilíbrio da natureza humana.
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