Conforme os dados oficiais do Ministério da Saúde, até o momento, foram confirmados 60 casos de febre maculosa no Brasil, sendo que 11 desses casos evoluíram para a morte do paciente. A região Sudeste do país apresentou a maior incidência de notificações, representando 50% do total de casos.
De acordo com a pediatra Karolina Danielle, “tais notícias alarmam toda a população, em especial os pais e cuidadores que lidam com as crianças, não apenas por sua vulnerabilidade, mas pela exposição recorrente em ambientes que são habitat do temido carrapato: praças, campos abertos como sítios e fazendas, parques, dentre outros”.
O que é a febre maculosa?
A febre maculosa é uma doença causada por bactérias do gênero Rickettsia e é transmitida aos seres humanos pela picada do carrapato-estrela, ou seja, não é transmissível de uma pessoa a outra. Nos humanos, o período de incubação da doença (intervalo de tempo entre o primeiro contato com o carrapato contaminado até o início dos sintomas) é de aproximadamente 2 a 14 dias.
É de suma importância o conhecimento da população, especialmente por ser endêmica em Minas Gerais. “[…] Embora ocorra com mais frequência nos períodos de seca, especialmente entre os meses de abril e outubro, ela pode ocorrer em qualquer período do ano. No Brasil, a febre maculosa é registrada desde o século passado. Por sua alta letalidade, desde 2001, a doença passou a ser de notificação obrigatória ao Ministério da Saúde”, explica a pediatra.
Sintomas da doença nas crianças
Os principais sintomas que podem ser observados na criança doente são:
Febre
Dor de cabeça intensa
Náuseas e vômitos
Diarreia e dor abdominal
Dor muscular constante
Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés
Manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos
Um dos fatores que atrapalham a identificação da febre maculosa é que seus sintomas são muito inespecíficos, ou seja, diversas doenças podem ter o quadro clínico muito semelhante ou idêntico, como dengue, infecções gastrointestinais, chikungunya, gripe, dentre outras.
É de extrema importância que haja descrições que ajudem o médico a entender o que está diante dele para que sua ação não seja tardia. Por exemplo: uma criança que inicia os sintomas acima dois ou mais dias após andar a cavalo em uma fazenda, já pode ser um alerta suficiente.
Importância do tratamento precoce
Diante da suspeita de febre maculosa, com sinais e sintomas somados a epidemiologia, mesmo que exames específicos para identificação do agente causador sejam solicitados, o pediatra jamais poderá adiar o início do tratamento com o uso do antibiótico recomendado.
“Como se trata de uma doença com alta porcentagem de óbitos em sua forma grave, a orientação é que o tratamento comece o quanto antes, já que os exames confirmatórios demoram muito para que tenham seus resultados disponibilizados”, alerta a pediatra.
Como prevenir a febre maculosa
Evitar o contato com o carrapato é a principal forma de prevenir a doença. Desse modo, pais e outros cuidadores precisam evitar lugares com áreas propícias à presença do causador da febre maculosa, como campos e pastos onde há animais silvestres.
“A indicação é usar repelentes eficazes na prevenção de picadas por carrapatos, vestir roupas claras, compridas e calçados, além de examinar o corpo periodicamente para identificar a presença de carrapatos. Quanto mais rápido forem retirados, menor será a chance de infecção. Caso seja encontrado grudados à pele, remova-os com cuidado utilizando pinças e evitando o esmagamento do animal”, orienta a médica.
Além do cuidado dos pais e outras pessoas que cuidam de crianças, é imprescindível que todos façam sua parte na prevenção da doença. “Manter pastos, lotes e áreas públicas limpas evita a proliferação de carrapatos. É necessário também utilizar carrapaticidas periodicamente em cães, cavalos e bois, conforme orientação veterinária”, destaca Karolina Danielle.
Conscientização sobre a doença
Segundo dados da Agência Brasil, o Ministério da Saúde tem se empenhado na distribuição das medicações do tratamento, materiais educativos para prevenção e na capacitação profissional. “A educação em saúde sempre será a chave para disseminar o conhecimento apropriado, ao invés de gerar um alarme que traz consigo um medo sem orientação correta. Lembrando que, na dúvida, sempre será prudente a avaliação de um profissional de saúde que oriente e cuide do caso conforme a necessidade”, finaliza a pediatra.
Por Leticia Carvalho
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