“Você tem feito escolhas por desespero há muito tempo. Isso é bem óbvio. Você está se encurralando. Quebre o padrão, tome controle da sua vida, Todd. No momento em que tomar o controle, coisas interessantes vão acontecer. Eu garanto isso”.
Essa fala está no primeiro episódio de uma série chamada “Dirk Gently’s Holistic Detective Agency”, pronunciada pelo personagem Dirk Gently ao protagonista, quando este último se encontra em desespero por ter pedido o emprego, gasto seus últimos dólares nos remédios da irmã, ter seu apartamento destruído por uma gangue e o locatário morto. Existem duas lições aqui que quero, como Mago Hermetista, trazer para você.
A primeira lição da vida
A primeira lição da vida que um Mago sempre tem em mente é: o Mago é um Mago em tempo integral, ele não é Mago só quando precisa fazer alguma coisa “mágica”, por assim dizer. Um Mago não é Mago só quando traça seu círculo no chão e lança as palavras ao universo. O Mago é Mago o tempo todo. Isso quer dizer que nós devemos exercer uma das coisas mais importantes em ser Mago, que é a contemplação.
Contemplar a vida é um processo muito importante para nós e, acredito, será para você quando começar a praticar isso. Contemplar quer dizer “admirar com o pensamento”, ou seja, é muito mais do que olhar: é ver. Eu contemplava a série quando aquele trecho foi dito e, por isso, me deixei pensar a respeito dele. Vi que, no final das contas, a segunda lição estava ali.
A segunda lição da vida
E qual seria a segunda lição da vida? Isso tem muito a ver com o nosso dia a dia. E, agora, você pode descansar sua mente, pois não tem a ver só com o Mago, mas com qualquer ser humano na face da Terra:
Em geral, fazemos escolhas por desespero e fazemos isso porque perdemos o controle da vida. Nós olhamos nosso orçamento e vemos que não vamos ter dinheiro o suficiente para passar o mês e, por isso, vamos atropelando nossas decisões.
Às vezes, até gastamos o dinheiro que não temos para nos dar prazeres efêmeros e disfarçarmos a dor que sentimos. O problema é que vamos fazendo isso até que não encontremos mais saídas. E, então, nos sentimos encurralados.
Algumas vezes, estamos em um relacionamento que já deu o que tinha que dar. Mas vamos empurrando com a barriga, esperando algo diferente acontecer, algo que não aconteceu. Desculpe ser o portador de más notícias: não vai acontecer. Empurramos isso até um momento limítrofe — muitas vezes, quando os sentimentos de ambos os envolvidos já estão desgastados o suficiente para nos encurralar.
O jogo da vida
Percebe o que digo? O jogo da vida é sempre linear, sempre à diante, não dá para ir para trás ou para os lados. Mas, quando entregamos o controle disso para vida – e geralmente fazemos isso por uma espécie de preguiça –, a vida nos joga até um momento em que não conseguiremos mais postergar as decisões. Se não decidirmos, a vida decide por nós. E aí lamentamos por isso.
Compreende o que essa fala no início do texto quer dizer? Compreende a beleza dela? Em um seriado completamente desproposital, encontramos a mais bela das filosofias místicas, aquela que nos diz exatamente o que devemos fazer. Talvez a pergunta seja, então, como fazer.
Então… como fazer?
Certo, eu vou dizer uma coisa agora que pode ferir algumas mentes. Isso porque temos os mais diferentes públicos pela internet, e não sei quem me lê. Entretanto, peço que tenha um pouco de calma e faça o exercício antes de ficar bravo comigo.
Sabe esse turbilhão da vida em que você se encontra? Então… dê um passo para trás. “Dar um passo para trás? Mas meu casamento está acabando neste momento…”. Então, se ele está acabando, você já tem a sua resposta. Dar um passo para trás e olhar as coisas com mais calma não vai fazer diferença.
“Minhas contas vão vencer amanhã!”. Pois é… e você já não tem dinheiro agora, não é? Então por que você não dá um passo para trás e olha com cuidado para isso, por exemplo, observando quais contas são mais importantes a serem pagas e quais podem ser renegociadas? Quais te dão menos juros? Além disso, o que fazer para ter mais dinheiro no próximo mês?
Difícil, mas não impossível
Eu sei que é bem difícil imaginar fazer isso para quem está com a corda no pescoço. E, acredite, isso já foi pensado pelos mais inteligentes filósofos da história. Creio que o estoicismo tenha uma dica bastante valiosa para a questão.
Só existem dois tipos de problemas:
Problemas que têm solução: são aqueles que merecem que eu gaste minha energia intelectual para solucioná-los;
Problemas sem solução: são aqueles que, não importa o que eu faça, acontecerão. Logo, não há motivos para eu gastar minha energia intelectual neles. Os problemas sem solução já estão solucionados.
Então, para terminar o texto: não deixe a vida mandar em você. Não deixe o “universo” lhe dar as respostas. Não deixe Deus resolver a situação. Você precisa se tornar mestre de si, precisa aprender que, “no momento em que tomar o controle, coisas interessantes vão acontecer.” Eu também garanto isso.
Nino Denani
Pós-graduado em neuropsicologia, Mago Hermetista, Grão Mestre da Ordem do Grande Oriente Místico e host do canal do Nino Denani no YouTube.
Fonte: Read More