Nos últimos dias, a notícia de que uma aluna que treinava musculação sob a orientação de um falso personal trainer ganhou repercussão nas redes sociais. A menina sofreu destruição das fibras musculares, também conhecida como “rabdomiólise”, uma doença que afeta os rins e o sistema urinário. O fato gerou um alerta entre as pessoas que treinam em academia, principalmente por ter ocorrido devido à má orientação na execução dos exercícios e ao excesso de treino, como explica a Dra. Caroline Reigada, nefrologista.
“A suspeita é de que o falso profissional teria pressionado a aluna a praticar exercícios pesados e de forma errada. Treinos exagerados com cargas altas e execuções erradas podem causar destruição das fibras musculares. Conforme ocorre esse dano, diversas substâncias são secretadas na corrente sanguínea, entre elas uma proteína chamada mioglobina, que pode danificar os rins”, afirma a profissional.
Para evitar lesões graves como essa, a especialista explica quais são as causas da rabdomiólise, o tratamento e as formas de prevenção. Veja!
Causas da rabdomiólise
Entre as causas mais comuns da rabdomiólise, estão as lesões musculares, mas outros fatores também podem acarretar o desenvolvimento da doença. “Além do exercício físico intenso e exacerbado, outras causas para a rabdomiólise incluem […] abuso de álcool e drogas, especialmente cocaína e heroína; uso de medicamentos, como estatinas, por longos períodos de tempo; infecções, como as que são causadas por vírus; doenças já existentes que afetam os músculos”, diz a médica.
Sintomas incluem dor e fraqueza muscular
Segundo a profissional, os músculos esqueléticos são os mais afetados, presentes em todo o corpo e responsáveis pela postura e pelo movimento. Para a aluna, que sentiu fortes dores no abdômen após os exercícios, esse foi um dos principais sintomas, mas outros incluem:
Fraqueza muscular;
Dor muscular;
Urina marrom-avermelhada.
Doença atinge os rins
A Dra. Caroline Reigada explica que o diagnóstico da rabdomiólise é feito por meio de exames de sangue e de urina que confirmam os níveis de eletrólitos circulando no corpo, que são indicadores da dissolução dos músculos. “Devemos ficar especialmente atentos aos indicadores de saúde dos rins em um paciente com a rabdomiólise, uma vez que os componentes musculares em excesso na corrente sanguínea podem desencadear vários problemas renais”, completa.
“Outro exame laboratorial corroborante é a presença de mioglobina na urina, particularmente se o exame microscópico da urina não mostrar eritrócitos. Detecta-se mioglobinúria quando a mioglobina urinária excede 250 mcg/mL. Outras características laboratoriais são um aumento rápido nos níveis séricos de creatinina, hipercalemia, hiperuricemia, hipocalcemia ou hipercalcemia, hiperfosfatemia, acidose láctica e trombocitopenia”, diz a médica.
Maneiras de tratar a condição
A nefrologista afirma que o manejo da doença inclui terapia de suporte, tratamento da causa subjacente e das complicações. “A terapia de suporte inclui expansão intravascular com líquidos para prevenir lesão renal aguda e ventilação mecânica nos casos de insuficiência respiratória aguda. É indicado também tratar as infecções com os antimicrobianos apropriados. Quaisquer fármacos potencialmente causadores (estatinas, por exemplo) são interrompidos. E deve-se, também, corrigir os distúrbios eletrolíticos”, aponta a Dra. Caroline Reigada.
A culpa não é da musculação
Quando houver lesão renal aguda, esta deve ser tratada com líquidos intravenosos e, em alguns casos, hemodiálise, segundo a especialista. Por fim, a nefrologista lembra que a musculação não é um vilão e que o exercício físico faz bem aos rins de forma geral, quando bem-orientado e sem excessos. “Para evitar esses casos, nos treinamentos de força, é indicada a progressão de carga gradual, evitando aumento abruptos de peso e de volume de treino”, finaliza.
Por Maria Claudia Amoroso
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