A Síndrome de Asperger faz parte do chamado Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e consiste em um estado da condição que, geralmente, as pessoas sentem dificuldade para socializar e se comunicar com eficiência.
A partir disso, um estudo realizado pelo pós-PhD em neurociências Dr. Fabiano de Abreu Agrela, em parceria com a Doutora em Psicologia e especialista em autismo Natalie Banaskiwitztem, observou que alguns dos traços característicos do Asperger também podem ser notados em pessoas com alto QI (Quociente de inteligência), mas sem estarem necessariamente interligados.
Relação genética entre autismo e superdotação
O estudo observou que há relação entre a alta predisposição genética da síndrome de asperger e a superdotação, no entanto, o Dr. Fabiano de Abreu Agrela ressalta que é necessário observar as diferenças entre as condições para evitar diagnósticos imprecisos. Isso porque, mesmo com a estrutura cerebral de pessoas com alto QI e Asperger serem mais próximas do TEA de baixo funcionamento, algumas áreas trabalham de modo diferenciado, com maior volume de conexões.
“Autistas geralmente têm maior dificuldade de interação social causada pelas especificidades do seu cérebro, mas pessoas com alto QI também podem apresentar esses traços. Neste caso, causadas por uma necessidade de mascarar suas habilidades para ser mais socialmente aceitas e se afastar por não ser compreendido em relações sociais”, diz o especialista.
Diferenças entre as condições
Segundo o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, apesar da similaridade, existem várias diferenças neurocientíficas entre as duas condições. “Por exemplo, enquanto no autismo há uma hipoconectividade cerebral, que dificulta a comunicação entre os hemisférios, o superdotado possui hiperconectividade”, afirma o profissional.
Para completar, ele explica que o fato de as duas condições poderem ser encontradas juntas, não anula as suas diferenças. “Há indivíduos com a síndrome que apresentam QI excepcionalmente altos, demonstrando superdotação; muitos são os cientistas, artistas, esportistas e empresários de sucesso diagnosticados com Asperger ou apresentam comportamentos, como Anthony Hopkins, Susan Boyle, Elon Musk, Isaac Newton e Albert Einstein […]”, aponta.
Nem todos os superdotados são Aspergers
De acordo com o especialista, pessoas com Asperger podem apresentar similaridades comportamentais com pessoas superdotadas, pois compartilham de algumas características provenientes da genética e estrutura cerebral, porém, são diferentes.
“Muitos diagnosticados com Asperger são acima da média, com discrepância em percentil de QI. Concluímos que muitos superdotados, ou são asperger, ou possuem os genes que corroboram com alta predisposição, por isso tal semelhança. Obviamente, nem todos apresentaram comportamentos relacionados, o que é perfeitamente normal. Em resumo, muitos asperger são superdotados, mas nem todos os superdotados são aspergers”, conclui o neurocientista.
Por Dr. Fabiano de Abreu Agrela
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