Você já se perguntou como é possível dialogar com as diferentes partes de si? Sim, tenho o hábito de fazer reuniões periódicas com os meus “eus”. Aprendi a identificar e nomear os diversos aspectos da minha personalidade: os “eus” primários, os “eus” secundários, os “eus” terciários e os “invasores”. Cada um deles tem função, motivação e expressão próprias.
“Eus” primários
Os “eus” primários nos conectam com as nossas necessidades básicas, como alimentação, segurança, saúde e prazer. Eles são a nossa dimensão animal, que busca a sobrevivência e a satisfação. São impulsivos, instintivos e, às vezes, irracionais. Podem nos levar a agir de forma egoísta, precipitada ou irresponsável. Por isso, é importante saber ouvi-los, mas também controlá-los. Sobretudo, quando estão muito agitados ou insatisfeitos.
“Eus” secundários
Os “eus” secundários são aqueles que tentam racionalizar tudo o que acontece, buscando explicações e justificativas para as nossas ações e sentimentos. Eles podem ser úteis em algumas situações, mas também nos atrapalhar quando ignoram ou reprimem as nossas emoções. Por não saberem lidar bem com o que sentimos, preferem esconder ou negar essa dimensão, o que pode gerar frustração e irritação.
“Eus” terciários
Os “eus” terciários, por sua vez, nos distraem do presente, trazendo lembranças do passado ou projeções do futuro. Podem nos fazer reviver momentos felizes ou tristes, como também nos impedir de aproveitar o que está acontecendo agora. Eles nos fazem questionar se somos nós mesmos ou estamos sendo influenciados por outras pessoas ou situações. Assim, podem criar confusão e ansiedade na nossa mente, no nosso coração e nas nossas atividades.
Estímulos externos influenciam identidade
Vivemos em um mundo cheio de estímulos e influências, provenientes da mídia, da sociedade e de outros indivíduos. Às vezes, confundimos esses influxos com nossos próprios desejos e opiniões, pois esses são os “eus” invasores. É importante questionar se tais interferências representam nossos valores, desejos e necessidades internas. Isso envolve a prática da autorreflexão e da autoconsciência.
Por isso, às vezes, eu me isolo e fico como um caçador que observa e estuda a sua presa. Olho para todos os meus “eus” e escuto o que eles têm a dizer, mas sem julgar nenhum deles. Deixo eles falarem o quanto quiserem, mas não me deixo levar por nenhum deles. Eu só observo.
Por Kaká Werá – revista Vida Simples
É um ecologista do ser e cultivador da arte do equilíbrio da natureza humana.
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