A cor preta pode parecer intimidante para alguns, mas é surpreendentemente eclética. Pode ser usada para criar ambientes modernos ou para adicionar harmonia, calor e aconchego, seja para destacar objetos ou áreas específicas ou, ainda, criar uma sensação única no humor das pessoas.
Apesar de suas diversas possibilidades, muitos deixam o preto de lado na decoração por receio de errar a mão e criar ambientes pesados e obsoletos. Isso ocorre porque os tons escuros podem ser vistos como sombrios e desanimadores.
Para Priscila e Bernardo Tressino, do escritório PB Arquitetura, o preto é uma das cores mais versáteis dentro da arquitetura de interiores. Quando bem utilizado, é uma maneira ousada e elegante de adicionar profundidade, contraste e sofisticação aos ambientes.
“O preto é um coringa entre os tons neutros e atende a todos os estilos de décor, do clássico ao rústico, e sua presença indica imponência. Com ele, é possível explorar diferentes abordagens até encontrar a combinação que melhor reflete a personalidade do morador”, explica o casal de arquitetos.
Harmonia e sobriedade
Na psicologia das cores, o preto é poderoso e muito associado à elegância, distinção, influência, atemporalidade, atratividade, mistério e renome. Logo de cara, o tom já mostra porque se deve arriscá-lo dentro do décor e não decepciona quando misturado com outras cores, pois a mescla com tons quentes e frios resulta em visuais atraentes e envolventes.
Usualmente, para uma atmosfera mais tranquila e relaxante, cores frias são dominantes, mas, no caso de uma proposta mais acolhedora e íntima, os profissionais sugerem cores mais quentes. “É possível combinar o preto com outras cores vibrantes, como vermelho e amarelo, entregando vivacidade e luz. Cores neutras e pastel resultam em um ambiente mais leve e suave, enquanto a cartela fria, que incorpora o verde e o azul, adiciona serenidade e tranquilidade”, detalha Priscila.
Busque o equilíbrio
Para os arquitetos do PB Arquitetura, um projeto com gradientes de preto demanda equilíbrio e proporção. “Buscamos sempre balancear todos os elementos do décor e, no momento do estudo de viabilidade, elaboramos um painel de inspirações e referências que nos ajudam a definir onde o preto se encaixa melhor”, pontua Bernardo.
No geral, os diferentes tons de preto desempenham o papel de elo que une e enriquece as demais cores, resultando em um acréscimo de elegância e profundidade para a composição como um todo. “A dica é inserir o preto nos detalhes menores como a base dos móveis, molduras ou objetos decorativos. Em nossos projetos, gostamos de gerar pontos de destaque com acessórios coloridos”, dizem os arquitetos.
Se a ideia for conquistar uma essência mais criativa e despojada, eles indicam a aplicação de cores neutras dentro das paletas de branco e cinza, que entregam ambientações mais elegantes e minimalistas.
Não tenha medo de ousar
O preto é frequentemente associado ao minimalismo e ao design moderno, assim a pintura de paredes e a especificação de móveis monocromáticos ou com revestimentos escuros declaram ousadia, sem necessariamente o colocar como coadjuvante do espaço. Priscila e Bernardo propõem trabalhar com as diferentes variações de gradiente como preto fosco, metálico, azulado, grafite, carvão ou sutil.
“Buscar os diferentes matizes ajuda a quebrar um pouco da regra de sempre misturar o preto com outras cores. Fica excelente uma fusão entre o intenso e o mais suave, assim como os tipos de acabamento como o fosco, brilhante, acetinado ou metálico”, recomenda Bernardo. Nessa alquimia, pode-se também considerar a madeira e o couro-escuro, metal preto e estampas com listras e padrões geométricos.
Cuidado com a iluminação
Definir a paleta de preto requer, além do cuidado estético, um projeto luminotécnico eficiente para enaltecer a percepção do espaço e a atmosfera geral. Para Priscila, o erro mais comum é a falta de uma luz inadequada, que pesa o ambiente. Tendo em vista a natureza do preto como uma cor de introspecção e que absorve a luz, ela e Bernardo destacam as seguintes dicas:
Valorizar a iluminação natural de portas e janelas;
Posicionar espelhos ou superfícies refletoras estrategicamente para refletir;
Utilizar spots ou pontos de luz direcionada;
Considerar instalar dimmers (dispositivos utilizados para variar a intensidade da luz);
Defina luminárias e abajures para completar o espaço e oferecer luz adequada.
Por Emilie Guimarães
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