A história de Lisboa esteve sempre ligada ao mar por sua posição estratégica na foz do Rio Tejo. Tanto é que foram inúmeros nomes dados a ela por várias civilizações que por lá permaneceram ao longo dos séculos. Teorias e estudos não faltam para esclarecer a etimologia correta de seu nome.
Muitos pesquisadores apontam que o primeiro nome dado a Lisboa foi Olisipo, porém não há um consenso sobre quem ou quando foi nomeada. Alguns declinam para a teoria dos fenícios, outros para Ulisses, outros para Júlio César e outros a dos visigodos. Porém, Lisboa vem de al-Lixbûnâ, nome dado pelos mouros, quando da invasão muçulmana.
Capital turística da Europa
Lisboa consolidou a sua fama enquanto “nova capital cool da Europa”, ganhando a cada ano novos visitantes e moradores, vindo dos 5 cantos do mundo. A infraestrutura, sempre renovada, apresenta novas lojas, novos restaurantes, novos hotéis e espaços culturais bem estruturados, além de museus, igrejas e mais de uma centena de prédios históricos centenários. Pode-se afirmar que Lisboa hoje é a capital turística da Europa.
As várias faces de Lisboa
Lisboa está definitivamente no mapa dos destinos mais visitados do mundo e atualmente podemos olhá-la com outra perspectiva. Lisboa é acima de tudo, a luz, as sombras, o rio, as colinas, os sinos, as fachadas, as ruas simétricas, os elétricos, o casario preservado. As sacadas, as escadinhas, os becos escondidos, os miradouros e terraços.
As conservas, as sardinhas, o Santo Antônio, o fado, as festinhas, e as madrugadas. Os finais da tarde esticados, o poente no casario iluminado por um céu cor de fogo. As noites com ventos frescos às margens do Tejo, as manhãs brancas com os lençóis estendidos nas janelas de Alfama.
Por mais que quiséssemos, jamais conseguiríamos apresentar Lisboa apenas sobre uma ótica. A cidade respira tradição, história, cultura, religiosidade, gastronomia variada, vinhos de alta qualidade e, ao mesmo tempo, é moderna, poética, colorida, agitada e calma.
Beleza e história às margens do Rio Tajo
Lisboa, a capital de Portugal, fica às margens direitas do Rio Tejo e está debruçada em enormes colinas. A cidade tem uma localização geográfica privilegiada, estando a menos de duas horas dos destinos mais impactantes do país e da Europa.
Relatar Lisboa é como discorrer sobre uma eterna poesia ilustrada por gravuras da memória, pois a capital portuguesa tem uma luz extraordinariamente forte, que encanta escritores, fotógrafos, cineastas e turistas.
O colorido do pôr e nascer do sol remete reflexos nessas colinas, fazendo sobressair a cor ocre dos telhados, a policromia dos azulejos das fachadas e as ruelas tortuosas dos bairros antigos dão-lhe a atmosfera peculiar de cidade de transição entre o norte europeu e o sul mediterrânico.
Local de eleição para as trocas comerciais com antigos povos, mercadores e navegadores, a longa história de Lisboa começa na Alis-Ubbo fenícia, para se transformar, no século 2, na romana Felicita Julia Olisipo, na Aschbouna árabe a partir do século 8, em cidade portuguesa no ano de 1147, quando foi conquistada por D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, e finalmente na capital do país, em 1255.
Passeios turísticos a pé
Caminhar a pé pelos bairros, andar de bonde elétrico pelas regiões mais antigas, subindo ou descendo as colinas em elevadores seculares, de barco num passeio pelo Tejo, ou mesmo de metrô, verdadeiro museu subterrâneo de arte contemporânea portuguesa, todos os meios de transporte são bons para descobrir a diversidade cultural de grande interesse que a cidade oferece.
Tente dispensar o carro, e andar de transporte público. Lisboa é muito bem servida de trens, metrôs, funiculares, elétricos e ônibus que cortam a cidade de norte a sul e de leste a oeste. A logística de transportes da capital portuguesa, talvez seja uma das melhores de toda a Europa.
Zona de Belém
Indo em direção ao ocidente, já a caminho da foz do Tejo, visite a zona de Belém, com os seus jardins e os seus monumentos que são Patrimônio Mundial da UNESCO, A Lisboa dos Descobrimentos. Da reconstrução logo após o terremoto de 1755, nasceu o traçado regular e simétrico de cidade iluminista, aberta para o rio. É a “Baixa de Lisboa”, zona de lojas tradicionais.
Chiado
No Chiado, um bairro de sedução, evoca-se o charme burguês da Lisboa do século 9 e, para oriente, o bairro concentra uma vasta oferta de lazer em que se destaca o cenário, e o teleférico que passa por cima do oceano e chega a um parque agradável repleto de boas opções gastronômicas, que dá para caminhar, andar de bicicleta ou simplesmente matar o tempo fotografando ou lendo. À noite, soam nos bairros tradicionais de Lisboa as vozes do Fado e os mais jovens reúnem-se nos animados bares das Docas, à beira do rio, ou no Bairro Alto, ao lado do Chiado.
Bairro de Belém
Já Belém é o bairro memória da era dos descobrimentos e da expansão marítima portuguesa. Nos séculos 15 e 16, dali partiram as caravelas e que chegaram às novas descobertas. D. Manuel mandou, então, construir o Mosteiro dos Jerônimos e a Torre de Belém, símbolos da riqueza e do esplendor quinhentista de Portugal.
Classificados Patrimônio da Humanidade, são duas obras-primas do estilo “manuelino”, interpretação portuguesa do gótico final. Nas antigas dependências conventuais do mosteiro, podemos encontrar o Museu Nacional de Arqueologia e o Museu da Marinha, onde poderá saber um pouco mais das técnicas de navegação que os portugueses usaram.
No século 18, o rei D. João V elegeu Belém para sua residência, mandando restaurar o Palácio e fazer uma escola de equitação. O Picadeiro foi adaptado ao Museu Nacional dos Coches e o palácio “cor-de-rosa” tornou-se a residência oficial do Presidente da República.
Em 1940, a pretexto das comemorações da fundação da nacionalidade, o governo de Salazar decidiu realizar a “Exposição do Mundo Português”. Para o efeito, o traçado de Belém foi reorganizado e surgiram a Praça Afonso de Albuquerque, em homenagem ao primeiro vice-rei da Índia, a Praça do Império, o Padrão dos Descobrimentos e as zonas ribeirinhas de lazer. A igreja da memória, a Capela de São Jerônimo, o Jardim Agrícola Tropical, o Centro Cultural de Belém e o Museu de Etnologia completam o conjunto museológico deste bairro.
Hoje, já não existe nem o porto, nem a praia dos Descobrimentos, mas uma agradável zona de lazer e cultura onde os lisboetas gostam de passear. A visita a Belém não ficará completa sem uma parada na centenária Casa dos Pastéis de Belém, onde deve-se provar essa iguaria da culinária portuguesa.
Castelo de S. Jorge
Antes de entrar na Igreja dos Mártires, repare na silhueta do castelo de S. Jorge que se recorta no alto, ao fundo da rua Garrett, por detrás do Centro Comercial do Chiado. Era sensivelmente essa a perspectiva que se oferecia aos Cruzados vindos de França, Inglaterra, Alemanha e Flandres em 1147, para auxiliarem D. Afonso Henriques na tomada de Lisboa aos mouros.
Um dos pontos estratégicos para o ataque pelo lado poente, nesta colina se instalaram as forças inglesas, escocesas e normandas. A poente postaram-se os Cruzados alemães e flamengos e a norte, na Colina da Graça, os 5.000 homens reunidos por Afonso Henriques. Fechavam o cerco a sul, os navios fundeados no Tejo.
Nas 17 semanas (de junho a outubro) que durou o cerco a Lisboa, os duros combates travados resultaram em enormes carnificinas e perderam-se milhares de vidas. Muitos soldados ficaram sepultados nesta colina, que por isso foi apelidada dos Mártires, por terem morrido em Cruzada contra os inimigos da fé cristã.
Baixa Pombalina
Vale conhecer ainda a Baixa Pombalina, zona de Lisboa que renasceu no século 18, após o terremoto de 1755, reconstruída no original traçado. Inicie o percurso na Praça do Comércio, grande sala de visitas de Lisboa, aberta generosamente sobre o amplo estuário do rio Tejo.
Siga, depois, pela rua da Alfândega onde se encontra o Welcome Center de Lisboa, espaço moderno de recepção e de boas-vindas a quem visita a capital portuguesa, com acesso ao Posto de Turismo onde todas as perguntas sobre Lisboa têm resposta. Em frente, encontra-se a Praça do Município, que tem ao centro o Pelourinho da cidade e o edifício dos Paços do Concelho, obra de inegável valor arquitetônico.
Regresse à Praça do Comércio e entre na rua Augusta (por baixo do Arco Triunfal), uma rua só para pedestres, ladeada de lojas e com convidativas esplanadas ao meio. Na rua de Santa Justa (última perpendicular antes de chegar à Praça do Rossio), à esquerda está o Ascensor de Santa Justa. Suba até ao último piso para desfrutar a soberba vista panorâmica sobre os telhados de Lisboa, com a sua característica cor ocre, e a faixa azul do rio Tejo.
Volte a descer, e termine o passeio no Rossio. No mercado, o que não falta é opção para almoçar. Tem bancas de chefs portugueses, para provar os pratos dos melhores restaurantes da cidade. Dali, o melhor é pegar um tuk-tuk, um carrinho que percorre quase todas as ruazinhas do bairro de Alfama. Em uma hora, você fica conhecendo o bairro onde fica o Castelo de São Jorge e a Sé de Lisboa.
Baixa Lisboa tem boas opções para compras
Na Baixa, centro histórico da cidade, caminhe pela Rua Augusta até a Praça do Comércio. Passe também pelo elevador Santa Justa. Aproveite para visitar algumas das lojas mais antigas de Lisboa, como o Mercado da Praça da Figueira. Vai ser difícil resistir a tantos queijos e vinhos maravilhosos.
Antes de ir para o aeroporto, aproveite para visitar o Parque das Nações que fica ao lado. Aqui foi onde aconteceu a Expo de 1998, e hoje é um dos bairros mais modernos de Lisboa. Depois de visitar a estação de trem do Calatrava, vá até à beira do rio. É lá que fica o Oceanário de Lisboa, um dos melhores do mundo, e onde tem a melhor vista para a Ponte Vasco da Gama.
Livraria centenária no Bairro do Chiado
Conheça a livraria Bertrand, a mais antiga rede em Portugal, e tome um café na famosa “A Brasileira” no largo do Chiado. A poucos passos dali, fica a loja da Vista Alegre, a famosa marca de porcelana portuguesa. Aproveite também para entrar nas ruínas do Convento do Carmo, e ver o que restou do grande terremoto de 1755.
Cartão postal no Bairro Alto
Passe no “Bairro do Avillez” e fique para almoçar num dos restaurantes mais característicos da cidade. Acredite, comer aqui é um dos musts do que fazer em Lisboa. Depois, entre pelas ruazinhas do Bairro Alto, onde a vizinhança parece ter parado no tempo. Dali você pode ir até à Rua da Bica, onde tem o Ascensor da Bica que é um verdadeiro cartão-postal.
Visitando a cidade do Porto
O Porto está localizado na região norte de Portugal e nos oferece alguns importantes elementos definidos como Patrimônio Mundial pela UNESCO: o Centro Histórico, com a Ponte Dluizie Omosteiro da Serra de Pilar, o centro histórico da cidade de Guimarães, que é sem dúvida uma cidade que deve ser visitada.
Além disso, vale conhecer a cidade de Vila Nova de Gaya com suas praias, igrejas majestosas e gastronomia caseira, principalmente nas tascas portuguesas, onde pode-se comer um bom menu por até 8 euros, incluindo água, pão, vinho e sobremesas, além de um prato de sopa ou salada.
O norte de Portugal é isso, bastante sol, praias de águas doces e salgadas, cultura, rios, matas, religiosidade e acima de tudo, a “essência de Portugal”. O mais interessante foi estar no velho continente que fala a nossa língua, que entende o que pedimos e que sempre tem a oferecer uma referência de nossa história. Desbravar o norte de Portugal é um desafio e tanto para cumprirmos uma agenda recheada de pequenos recantos, ora seguindo por estradinhas à beira das montanhas, ora chegando a aldeias surpreendentes.
A cidade é muito bem servida por linhas de trem, metrô e ônibus. Quase que não se precisa de carros para conhecê-la. Estar no Porto depois de explorar a riqueza de Lisboa é como deixar o nosso roteiro mais completo e provar que Portugal nos oferece de tudo um pouco.
Monumentos arquitetônicos e Patrimônio da Humanidade
A Cidade do Porto entrou definitivamente na rota dos turistas brasileiros. Patrimônio da Humanidade desde 1996 destaca-se no continente europeu por conta dos seus monumentos arquitetônicos bem preservados, excelente gastronomia e clima ameno. Poucos brasileiros sabem, mas parte da história do Brasil se encontra nessa importante cidade norte portuguesa.
Em um recipiente de vidro, guardado com extremocuidado na Igreja de Nossa Senhora da Lapa, repousa, desde 1837, o coração de D. Pedro I, ou D. Pedro IV, para os portugueses. Em 1834, horas antes de morrer, o primeiro imperador do Brasil deixou em testamento a intenção de que seu coração ficasse no Porto, com o qual tinha intensa relação, pois lá viveu durante os 13 meses (de julho de 1832 a agosto de 1833), em que a cidade foi sitiada em uma disputa de poder entre ele e seu irmão Dom Miguel durante as chamadas Guerras Liberais (1828-1834).
Tendo em vista os esforços do povo da cidade para com D. Pedro, a sucessora, rainha D. Maria II, atribuiu o título de invicta à cidade do Porto. Com aproximadamente 270 mil habitantes, possui uma região nova e luxuosa, que fica bem em frente a sua parte atlântica; o bairro da Foz abriga bons restaurantes, lojas de grife, comércio efervescente e uma orla marítima moderna com pouco mais de seis quilômetros, onde os locais e turistas são convidados a caminhar, se exercitar e respirar uma brisa constante de vento iodado que sopra do oceano o ano inteiro.
Ruelas e becos do Porto
Iniciamos uma caminhada pelas ruelas e becos. Porto abriga uma das livrarias mais lindas do mundo, a Lello, que foi inaugurada no ano de 1906, com mais de um século de existência. Na última década, foi oficialmente reconhecida como uma das mais belas do mundo por diversos e importantes meios de comunicação.
Caminhar pelas ruas do centro histórico, além das arrebatadoras igrejas, parques, bairros e monumentos, pode trazer boas surpresas aos visitantes. Arquitetura de encher os olhos e uma gastronomia de dar água na boca, tem levado milhares de brasileiros a explorar as variadas atrações da capital do Norte de Portugal.
Região da Ribeira
Andar a pé e perder-se na região da Ribeira admirando o Rio Douro com suas pontes, barcos e gaivotas, igrejas centenárias e os cafés, é a melhor maneira de explorá-la. Na rua Santa Catarina, a energia é contagiante! Não deixe de saborear um pastel de nata diluído no saboroso vinho do Porto. Assistir a um show na Casa da Música, com sua acústica impecável, é um belo programa. Passar uma manhã no Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves, sempre com uma exposição surpreendente, também é inesquecível.
Não deixe de visitar a Estação Ferroviária de São Bento e se encantar com a história de Portugal através do fantástico mosaico de 20 mil azulejos em azul e branco pintados por Jorge Colaço que ilustram a evolução dos transportes e os acontecimentos da história e da vida portuguesa. Construída no início do século 20, na localização exata do antigo Convento de São Bento de Ave Maria. A estrutura de vidro e ferro foi projetada pelo arquiteto Marques e Silva.
Rua das Flores é passagem obrigatória
Vale também um passeio pela famosa Rua das Flores, que reúne uma das mais emblemáticas fachadas barrocas do Porto – a igreja da Misericórdia (1749-1750) desenhada por Nicolau Nasoni – e é uma das mais movimentadas da área central da cidade.
Ali também você pode começar a degustar os vinhos famosos da região, fazendo uma parada na sala de provas da Vini Portugal. Lá estão expostas centenas de marcas de vinhos de todo o país, onde você pode provar uma taça ou comprar uma pequena coleção dos melhores. Imperdível no seu roteiro a pé é visitar o Palácio da Bolsa, uma autêntica obra de arte do Hall das Nações e o famoso Salão Árabe e Museu do Vinho do Porto.
Torre dos Clérigos oferece visão espetacular da cidade
A Torre dos Clérigos é um daqueles pontos turísticos indispensáveis na viagem. Em arquitetura barroca, ela é parte da bela igreja dos Clérigos e seu mirante garante uma vista 360 graus da cidade, desde pontos de interesse centrais até a Ribeira, o Rio Douro e as caves do outro lado, em Vila Nova de Gaia.
Outra atração irresistível é aproveitar um passeio de barco pelo rio, cenário ideal para quem quer se emocionar e, ao mesmo tempo, sentir um clima único de paz e encantamento. Com 897 quilômetros de comprimento, ele é o terceiro rio mais extenso da Península Ibérica.
Matosinhos da fé e dos peixes
Outro local que deve ser visitado no Norte é Matosinhos, cidade encostada ao Porto. Suas raízes estão calcadas na produção de sal e na indústria da pesca. Três importantes segmentos econômicos fazem da cidade uma potência regional. O Porto de Leixões, a refinaria Petrogal e o centro de congressos e eventos Exponor, onde são realizados os principais eventos internacionais. Mas a cidade não esquece suas tradições.
Nos despedimos definitivamente do Norte visitando a igreja do Bom Jesus de Matosinhos, do século 16. Portanto, essa matéria foi apenas uma amostra desse país completo, riquíssimo de história e cenários impressionantes, que fica na Europa e que é o portão de entrada para os brasileiros. Lisboa e Porto se completam e oferecem a melhor experiência em passeios, arte, história, gastronomia e tradição.
Por Cláudio Lacerda Oliva – revista Qual Viagem
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