A frequência das idas ao banheiro pode variar de pessoa para pessoa e até mesmo de um dia para outro, pois é influenciada por diversos fatores, como idade e nível de atividade física. No geral, um indivíduo saudável costuma urinar de 5 a 8 vezes por dia. Contudo, se você perceber que está urinando com uma frequência muito maior ou notar uma mudança nos seus hábitos urinários, é importante ficar atento, pois isso pode ser um sintoma de poliúria.
O que é poliúria?
A poliúria acontece quando os rins produzem mais urina do que o normal, fazendo com que o paciente precise urinar várias vezes ao dia em grande quantidade, geralmente mais de 3 litros em um período de 24 horas.
“Esse hábito pode atrapalhar a rotina, causando um grande prejuízo na qualidade de vida do paciente e, em alguns casos, pode estar relacionado a problemas sérios de saúde, como a diabetes“, explica a médica nefrologista Dra. Caroline Reigada, especialista em Medicina Interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Diferença entre poliúria e polaciúria
A médica ressalta, no entanto, que é importante não confundir a poliúria com a polaciúria. Enquanto no primeiro caso a vontade constante de ir ao banheiro é acompanhada por grandes volumes de urina, na polaciúria, apesar da necessidade recorrente de urinar, o volume de urina é baixo. “A polaciúria geralmente não está relacionada aos rins, mas sim a problemas no trato urinário inferior, como infecções urinárias, doenças da próstata ou síndrome da bexiga hiperativa”, diz a Dra. Caroline.
Entendendo as causas e os sintomas
A poliúria, por sua vez, é um sintoma que pode ser causado por uma série de fatores que levam à produção excessiva de urina pelos rins. “A causa mais comum da poliúria é o consumo excessivo de água. Mas, nesses casos, o problema é passageiro. O mesmo vale para quando se faz uso de medicamentos diuréticos, como a espirolactona, ou se ingere alimentos e bebidas que aumentam a diurese, como o café e a cerveja”, afirma a nefrologista. Porém, a persistência da necessidade frequente de ir ao banheiro pode ser um sinal de alerta para condições mais sérias.
Poliúria e sua associação com outras doenças
Diabetes melitus
A patologia mais comumente associada à poliúria é a diabetes melitus. Isso porque, quando a condição está descontrolada, os rins não são capazes de filtrar toda a glicose circulante, que é eliminada junto a uma grande quantidade de água. “Consequentemente, o paciente fica desidratado e sente mais sede, passando a ingerir mais líquidos e, logo, precisando ir mais vezes ao banheiro. Cria-se então um ciclo vicioso”, diz a médica.
Insuficiência renal
Além da diabetes melitus, a insuficiência renal e a diabetes insipidus são outras possíveis causas da poliúria. “Causada por lesões e obstruções nos rins e complicações decorrentes de outras doenças, como hipertensão e diabetes, a insuficiência renal é caracterizada pela perda da capacidade dos rins de realizarem funções básicas como filtragem de resíduos e substâncias nocivas do sangue”, explica a nefrologista.
Diabetes insipidus
Já a diabetes insipidus acontece quando há um desequilíbrio nos níveis do hormônio antidiurético (ADH), levando à produção de grandes quantidades de urina. “A condição pode ocorrer tanto por problemas nos rins, que fazem com que o órgão não responda ao ADH (diabetes insipidus nefrogênico), quanto por problemas no cérebro e no sistema nervoso, incluindo traumatismos, tumores e doenças autoimunes, que impedem a produção adequada de ADH (diabetes insipidus nefrogênico)”, detalha.
Cuidados essenciais
Então, o que fazer ao notar um aumento no volume de urina eliminado diariamente? O primeiro cuidado que você deve ter é não segurar a vontade de ir ao banheiro. “Sempre que sentir vontade, vá ao banheiro assim que possível. Segurar a urina pode favorecer a proliferação de microrganismos causadores da infecção urinária”, alerta a especialista.
Além disso, é fundamental consultar um nefrologista. “O médico especializado poderá realizar uma avaliação, levando em consideração fatores como estilo de vida, hábitos miccionais e histórico familiar e de saúde, para determinar se realmente trata-se de poliúria e qual a possível causa do problema, assim indicando o tratamento mais adequado para cada caso”, finaliza a Dra. Caroline Reigada.
Por Maria Claudia
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