De acordo com pesquisa do Instituto IPSOS, encomendada pela divisão farmacêutica da Bayer, a saúde dos brasileiros diagnosticados com diabetes tipo 2 (DM2) é motivo de preocupação. O estudo revela que 83% dos brasileiros com diabetes têm preocupações relacionadas à saúde dos rins e do coração, porém têm um maior medo de complicações como amputação ou prejuízo à visão.
As complicações renais associadas à condição como a Doença Renal do Diabetes (DRD) podem ser responsáveis por diminuir em até 16 anos a expectativa de vida dessa população, já as consequências cardiovasculares do diabetes tipo 2 mal controlado são hoje a principal causa de morte associada à condição. Hoje, o Brasil conta com 15,7 milhões de adultos com diabetes, conforme o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF) de 2021. Destes, quase 32% não foram diagnosticados.
Falta de consulta ao nefrologista dificulta diagnóstico
A pesquisa realizada pelo Instituto IPSOS investigou a percepção sobre a relação direta entre a DM2 e a saúde renal e cardiovascular pelo olhar dos próprios pacientes. Mesmo que quase 70% dos entrevistados demonstrassem estar cientes de que uma das principais causas de morte em pessoas com essa doença se deve às complicações renais, metade delas nunca consultou um nefrologista, mesmo que 10% deles tenham recebido a indicação de passar por esse especialista. Além disso, os que chegam a consultar este profissional demoram, em média, três anos desde o diagnóstico de DM2 para de fato realizar a consulta.
Consequências do diabetes tipo 2
As consequências externas em função das complicações do DM2, como problemas relacionados com a visão, são mais preocupantes do ponto de vista dos pacientes entrevistados do que as comorbidades “invisíveis”. Estas afetam rim e coração e, caso não tratadas, podem levar a complicações cardiovasculares como infarto, derrame, insuficiência cardíaca, à hemodiálise e ao transplante renal, comprometendo a qualidade de vida do paciente ou sendo até mesmo potencialmente fatais.
Depois dos problemas de visão, formigamento (65%) e amputação de membros (63%) são as causas de agravamento da DM2 conhecidas. De acordo com especialistas, os problemas relacionados à visão em pacientes diagnosticados com diabetes tipo 2 (DM2) são amplamente conhecidos e enfatizados pelos médicos durante as consultas.
Importância da abordagem holística para o tratamento
A possibilidade de cegueira é uma preocupação significativa, uma vez que tem um impacto direto no estilo de vida dos pacientes. No entanto, é importante destacar que o diabetes é uma doença assintomática e pode afetar outros órgãos em estágios mais avançados da condição. Portanto, é um diferencial adotar uma abordagem holística para o tratamento.
“É importante que o médico que acompanha este paciente saiba que dois a cada cinco pacientes com DM2 podem vir a desenvolver a doença renal do diabetes”, explica a Dra. Isabella Laba, médica endocrinologista e líder médica da área cardiorrenal na Bayer Brasil.
Segundo a especialista, é fundamental que outras especialidades médicas, como cardiologistas, clínicos gerais e endocrinologistas, também assumam a responsabilidade de identificar e tratar as complicações relacionadas ao coração e aos rins em pacientes com diabetes tipo 2. O objetivo é garantir um cuidado abrangente e de qualidade, especialmente para pacientes mais jovens, que enfrentarão uma jornada de vida mais longa convivendo com essa condição.
Doenças cardiovasculares em diabeticos
Ainda hoje, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, com mais de 17 milhões de mortes por ano, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), e o cenário não é diferente na população com diabetes.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, pessoas com diabetes mellitus tipo 2 têm um risco médio 2 a 4 vezes maior de desenvolver doença coronariana comparado a indivíduos sem diabetes, além de ser um fator de risco também para acidente vascular cerebral isquêmico (AVC), insuficiência cardíaca (IC), doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) e doença microvascular.
Um outro estudo, publicado na revista PLOS ONE6, mensurou a mortalidade dos brasileiros por doenças cardiovasculares causada pelo diabetes, entre outras doenças. No caso específico do diabetes, cerca de cinco mil pessoas teriam suas mortes por doença cardiovascular evitadas caso o índice glicêmico fosse menor nessa população.
Ainda assim, no Brasil, a pesquisa da IPSOS mostrou que 31% dos pacientes não estão cientes de que as complicações cardíacas são uma das principais causas de morte em pessoas com DM2.
Tratamento para doença renal que protege o coração
A doença renal do diabetes é outro fator que contribui também para o aumento da mortalidade cardiovascular desta população. “Ainda observamos um desconhecimento tanto para os pacientes como para os médicos no que diz respeito à parcela que associa a relação rim e coração nos índices de mortalidade dos pacientes com diabetes”, comenta a Dra. Isabella Laba.
“Atualmente, existe no Brasil uma terapia recém-aprovada pela Anvisa que consegue realizar o tratamento da Doença Renal do Diabetes ao mesmo tempo em que poderá proteger o coração dos efeitos causados pelo avanço do DM2, ou seja, oferece mais qualidade de vida para o paciente com diabetes“, complementa.
Baseada nos estudos FIGARO e FIDELIO, que tiveram como objetivo fornecer estimativas mais robustas da eficácia e segurança da molécula finerenona em pacientes com Doença Renal do Diabetes, a terapia foi capaz de reduzir o risco de progressão da doença renal nesse perfil de pacientes. Houve, ainda, benefício adicional de redução de eventos cardiovasculares. O estudo contou com a participação de mais de 5 mil pacientes no mundo, incluindo o Brasil.
Sentimentos de quem convive com a doença
Os sentimentos de tristeza, preocupação e temor são frequentemente experimentados por indivíduos que descobrem que têm diabetes mellitus tipo 2 (DM2). A pesquisa analisou as reações emocionais de pessoas recém-diagnosticadas com DM2 e revelou que 30% dos pacientes relataram tristeza, enquanto 16% expressaram preocupação e 10% admitiram sentir temor em relação à doença. O estudo ouviu também os pacientes e coletou alguns relatos que comprovam esses dados.
“O diabetes tipo 2 é muito frustrante, te deprime muito. Faz duas semanas que eu estou com um quadro de crise depressiva (…). Entrei em desespero, porque meu filho esteve doente essa semana e eu não consigo enxergar os olhos dele, eu não consigo contar a gotinha pra botar o remédio pra ele”, comenta uma entrevistada de 42 anos que tem comorbidades associadas à condição.
Esses sentimentos estão bastante associados às complicações que o diabetes pode trazer à vida das pessoas, especialmente para os mais jovens, que terão mais tempo de vida e convivência com a doença. Por isso, é fundamental orientar esse paciente desde o começo, explicando a seriedade que as complicações invisíveis também podem trazer para sua vida a longo prazo, conforme aponta a especialista.
“A possibilidade de sofrer uma paralização parcial dos rins, por exemplo, é assustadora e certamente tem um impacto significativo na qualidade de vida desse paciente”, diz a médica. O Brasil possui a sexta maior população de indivíduos com DM2 do mundo, e pelo menos dois em cada cinco vão desenvolver doença renal.
Mudanças nos hábitos de vida
Além dos impactos na saúde física, a descoberta da doença também vem associada à mudança de hábitos, com consequência na qualidade de vida do paciente. Para 78% dos brasileiros entrevistados na pesquisa, o diagnóstico de DM2 teve algum impacto na sua qualidade de vida.
“Além dessas coisas mais graves que afetam os rins, no dia a dia [o diabetes] causa fraqueza e desânimo. É preciso ser muito forte para suportar dores, a dieta é muito difícil, é preciso ter muita força de vontade”, afirma uma das entrevistadas da pesquisa, uma mulher de 56 anos e sem comorbidades.
“A mudança de hábito pode ser muito radical para alguns pacientes, especialmente para aqueles que nunca se habituaram a um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta equilibrada, atividade física regular e abstenção de tabaco e álcool. De toda forma, o percentual chama atenção em todo país e é um sinal de alerta, especialmente por se tratar de uma doença crônica”, ressalta a Dra. Isabella Laba.
Por Isabel Rizk
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