Sintomas como cabelos e unhas fracas, sono irregular e alteração de peso que ocorre de maneira abrupta podem ser sinal de que há uma disfunção no funcionamento da tireoide. Ela é uma glândula localizada no pescoço que produz os hormônios T3 e T4, responsáveis pelo controle do metabolismo basal.
“Disfunções tireoidianas podem, portanto, interferir em quase todos os órgãos do corpo”, afirma Roberto Elias, cirurgião especialista em cabeça e pescoço e doutor em Medicina pelo Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Diferenças entre as duas disfunções
No hipotireoidismo, a tiroide produz pouco hormônio, levando aos sinais e sintomas do déficit hormonal. Já no hipertireoidismo, ocorre uma produção excessiva de hormônio tireoidiano, acarretando um quadro clínico decorrente desse excesso.
“O diagnóstico de ambas as disfunções é feito pelo quadro clínico do paciente e confirmado pelas dosagens hormonais, apresentadas nos exames de sangues TSH, T4 livre e T4 total, T3 livre e T3 total”, detalha Ronaldo Sinay Neves, endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
O especialista explica que, se, ao examinar o paciente, o endocrinologista encontrar um nódulo na tireoide, o médico irá solicitar um ultrassom. Esse exame mostra as características desse nódulo, que podem sugerir tanto benignidade como malignidade.
Fique atento aos sintomas
Segundo o cirurgião Roberto Elias, as disfunções na tireoide são mais recorrentes entre as mulheres, mas não há explicação científica para essa predominância. Os especialistas Ronaldo Sinay e Roberto Elias relacionam os sintomas da falta e do excesso de hormônios:
No hipotireoidismo, ocorre a redução do metabolismo. Então, a paciente pode notar pele seca, queda de cabelo, fadiga, sonolência excessiva, fraqueza muscular, aumento da sensibilidade ao frio, prisão de ventre e ganho de peso;
No hipertireoidismo, o metabolismo acelera e pode promover nervosismo, emagrecimento, palpitação, intolerância ao calor, tremor, insônia, pele quente e úmida.
No entanto, os especialistas fazem suas ressalvas. Roberto Elias explica que o ganho de peso decorrente do hipotireoidismo é sensível. “São apenas alguns quilos a mais. Não podemos, portanto, culpar a glândula em casos de obesidade”. Já Ronaldo Sinay ressalta que os sintomas acima não são específicos de hipotireoidismo ou hipertireoidismo. “Eles podem ser causados por outras doenças também”, esclarece.
Tratamentos
De acordo com o endocrinologista Ronaldo Sinay, nos casos de hipotireoidismo, o tratamento é feito com comprimidos de um dos hormônios tireoidianos, que na maioria das vezes deverá ser tomado pelo resto da vida. Já para o hipertireoidismo, o especialista elenca algumas possibilidades:
Tratamento com medicamentos antitireoidianos, que bloqueiam a produção hormonal;
Tratamento com iodo radioativo, que destrói parte da tireoide que está produzindo excesso de hormônio;
Submeter o paciente à cirurgia para retirar o tecido tireoidiano produtor de muito hormônio.
“Geralmente, se inicia o tratamento com os medicamentos antitireoidianos e, depois de algum tempo, caso não se consiga o controle, faz-se a opção pelo iodo. Atualmente, é rara a indicação de cirurgia para tratamento do hipertireoidismo”, conclui Ronaldo Sinay.
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