A gastrite é uma inflamação que atinge a mucosa do estômago, que é uma espécie de “pele” que recobre a parte interna deste órgão do sistema digestório. Geralmente, essa doença é classificada em dois tipos: aguda e crônica.
“A gastrite pode ser aguda, normalmente relacionada ao consumo de algum alimento estragado, algum medicamento ou álcool; ou crônica, quando causada por algum insulto à mucosa do estômago de forma prolongada, como o tabagismo e a infecção pela bactéria H. Pylori”, explica a Dra. Denise de Carvalho, médica especialista em Cirurgia Geral com área de atuação em endoscopia digestiva.
A bactéria Helicobacter pylori (H. pylori) coloniza a mucosa do estômago e é capaz de produzir enzimas e substâncias tóxicas que danificam a mucosa gástrica, resultando em inflamação e erosões.
Sintomas da gastrite
Conforme explica a Dra. Denise de Carvalho, a gastrite pode causar:
Dor na região epigástrica (aquela que a gente identifica como “boca do estômago”);
Queimação (azia);
Náuseas e eventualmente vômitos;
Sensação de digestão incompleta;
Sensação de estufamento.
Ao notar qualquer sintoma, é importante que o paciente procure ajuda médica para diagnosticar e tratar adequadamente a gastrite.
Como é realizado o diagnóstico
O diagnóstico da gastrite deve ser realizado por um médico, na maioria das vezes, especializado em gastroenterologia. “O diagnóstico é clínico na maioria dos casos, conforme história do paciente. Para casos refratários ou quando a causa não está totalmente estabelecida, pode ser necessário o exame de endoscopia digestiva alta”, explica a Dra. Denise de Carvalho.
A endoscopia digestiva alta é um procedimento médico que consiste na introdução de um tubo flexível com uma câmera acoplada pela boca do paciente até o estômago. Geralmente é feito sob sedação e requer um preparo prévio adequado do paciente, incluindo jejum. “A alteração da endoscopia (como vermelhidão da mucosa, erosões) associada aos sintomas do paciente dão o diagnóstico de gastrite”, acrescenta a Dra. Caroline Reigada, médica nefrologista.
Tratamento para gastrite
Geralmente, o tratamento para a gastrite é simples e pode variar de acordo com o caso do paciente. “O mais importante é a retirada do fator causal, quando identificado. Após a retirada, pode ser necessário o uso de drogas que inibem a acidez gástrica para que ocorra a cicatrização da área inflamada, por um tempo que pode ser de 5 dias até algumas semanas”, afirma a Dra. Denise de Carvalho.
Cuidados durante o tratamento
Durante o tratamento, algumas atitudes por parte do paciente são importantes para a sua completa recuperação. Além do cuidado com as medicações prescritas pelo médico, é importante evitar alimentos que possam irritar a mucosa do estômago, como refrigerantes, álcool e embutidos.
“Comer devagar é importante porque facilita a digestão, mastigando adequadamente, evitando líquidos durante a refeição e, em alguns casos, evitar jejuns prolongados”, recomenda a Dra. Denise de Carvalho. A Dra. Caroline Reigada, por sua vez, recomenda não usar medicamentos anti-inflamatórios, não fumar e reduzir o estresse e a ansiedade. “Uma ótima opção é praticar esportes e fazer terapia, além da meditação”, indica.
Alimentos que pioram o quadro de gastrite
Para alguns pacientes com gastrite, determinados tipos de alimentos podem piorar os sintomas da doença, por isso o tratamento deve ser individualizado. “Não existem alimentos que sejam proibidos para todos os pacientes, devido à resposta individual de cada um, especialmente em casos de alergias alimentares”, explica a Dra. Denise de Carvalho.
Porém, de forma geral, a Dra. Caroline Reigada lista alguns alimentos que devem ser evitados e explica os motivos:
Embutidos e enlatados (mortadela, salame, presunto, salsicha): aumentam a secreção do ácido clorídrico.
Sorvetes, salgadinhos, bolachas e refrigerantes: alteram o pH gástrico.
Alimentos muito salgados: aumentam o estresse oxidativo, sendo o sal em excesso potente agressor da mucosa gástrica.
Proteína em excesso: estimula a secreção do ácido clorídrico.
Alimentos ricos em cafeína (café, chocolate, chás verde, preto e mate, refrigerantes à base de cola): aumentam a secreção de gastrina, o hormônio responsável pela produção do ácido clorídrico
Gorduras (carnes e queijos gordos) e frituras: demoram mais para serem digeridos, demandando maior produção de ácido clorídrico e agravando a inflamação.
Pimenta, shoyu, ketchup, mostarda, maionese e demais alimentos apimentados/condimentados e ultraprocessados: causam irritação direta da mucosa gástrica. Alguns pacientes apresentam sintomas com molho de tomate.
Como prevenir a gastrite?
Alguns hábitos simples no dia a dia são importantes para prevenir a gastrite: “Controle do estresse, comer devagar e mastigando bem, evitar os fatores agressores como os medicamentos, o cigarro e o álcool, evitar comer demais em cada refeição são as formas mais eficazes”, sugere a Dra. Denise de Carvalho. Ela também indica o consumo de chás digestivos antes das refeições, como de hortelã, camomila, gengibre e espinheira-santa.
Os cuidados com a alimentação também são fundamentais para garantir a saúde do estômago. “A mudança dos hábitos alimentares (incluindo alimentos mais naturais e mais fibras, como vegetais, sopas, feijão, banana, aveia, arroz integral) ajudam na prevenção da gastrite”, aconselha a Dra. Caroline Reigada, que completa: “As fibras, em contato com a água, formam um gel que protege a mucosa gástrica. Por isso, beber água também é fundamental, para hidratar a parede do estômago e formar este gel.”
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