Causado pelos níveis elevados de glicose no sangue, devido à falta do hormônio da insulina, o diabetes é uma das enfermidades que mais afeta a população no mundo. Segundo dados da Federação Nacional de Diabetes, em 2021, o número de pessoas com a doença aumentou cerca de 74 milhões, totalizando cerca de 537 milhões de adultos.
No Brasil, pesquisas apontam que 7% da população convive com o problema e, apesar de a aplicação da insulina ser um incômodo para muitos, a Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), explica que ela é essencial para regular os níveis de açúcar no sangue.
“A função principal da insulina é promover a entrada de glicose para as células do organismo de forma que ela possa ser utilizada em diversas atividades celulares. A falta da insulina, ou um defeito na sua ação, resulta, portanto, em acúmulo de glicose no sangue, o que chamamos de hiperglicemia. A condição, quando não controlada, pode trazer consequências negativas para visão, rins, coração, nervos e membros inferiores, além de provocar desidratação, dificuldade de cicatrização e complicações respiratórias”, explica a médica nutróloga.
Abaixo, médicos explicam quais são as 7 principais complicações causadas pela doença. Confira!
1. Envelhecimento precoce da pele
Conforme explica a dermatologista Dra. Mônica Aribi, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia, o diabetes tipo 2 pode acelerar o envelhecimento da pele quando não tratado de forma correta. “Isso porque o açúcar pode se ligar a proteínas como a elastina e o colágeno e desestabilizar essas proteínas por um processo chamado de glicação. Como essas proteínas são as responsáveis pela sustentação e elasticidade da pele, esse processo desestrutura esse tecido e, com isso, temos um envelhecimento precoce”, diz a médica.
2. Queda de cabelo
Para a queda de cabelo, a doença age de forma diferente da maneira como interfere na pele, segundo a Dra. Mônica Aribi. “Ela desequilibra o metabolismo e, com isso, todos os mecanismos fisiológicos do organismo. E um organismo que não funciona bem não tem uma vascularização perfeita e, por consequência, tem pouca nutrição nos tecidos, inclusive no couro cabeludo, podendo causar queda de cabelos”, explica a profissional.
3. Cicatrização lenta
A glicose em excesso pode reagir com qualquer proteína, lipídios e até nosso DNA, segundo a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. “E isso atrapalha o funcionamento destas moléculas. Quando temos um processo de cicatrização, é necessária uma orquestra de reações para que os tecidos se reorganizem e reparem aquele trauma sofrido. Isso ocorre em qualquer cirurgia”, diz.
No caso do diabetes, a médica explica que os altos níveis de glicose no sangue interferem no processo de organização das moléculas. “No diabetes, se não bem controlado, temos glicose de forma crônica em excesso circulando pelo organismo, muitas moléculas glicadas e dificuldade na cicatrização. As células da imunidade podem estar comprometidas, aumentando o risco de infecção, células da pele trabalham de forma mais lenta, o colágeno alterado não permite o fechamento adequado das feridas”, ressalta a especialista.
4. Problemas vasculares
O diabetes pode causar danos diretamente na parede dos vasos sanguíneos. “Esse dano pode surgir por aumento do acúmulo de colesterol, chamado aterosclerose, ou por um processo chamado glicação proteica, em que o açúcar presente no sangue vai causar um dano inflamatório na parede do vaso. Essas lesões podem acontecer em vasos de diferentes calibres e localizações, o que pode causar danos em diversos órgãos”, diz a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
Entre os danos causados pela doença nos vasos, a médica lista: “a primeira seria a oclusão dos vasos bem pequenos, chamada microangiopatia, que pode levar à falta de circulação na retina, levando à cegueira. Já a macroangiopatia seria na parede dos vasos mais calibrosos, que pode causar infarto, derrame e alterações circulatórias nas pernas, o que pode ser causa importante de amputação e dificuldade para caminhada. Tanto a macro como a microangiopatia podem ser regularizadas com um controle adequado da glicose no sangue”, afirma.
5. Infertilidade
Segundo o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana, o diabetes descompensado pode ser causa de infertilidade, de aumento de risco de aborto e de complicações obstétricas com maior incidência de pré-eclâmpsia. Afirma, também, que outros riscos envolvem parto prematuro e distocias (qualquer perturbação no bom andamento do parto), com maior risco de macrossomia (peso maior que 4 kg no nascimento) e com maior risco de hipoglicemia para o bebê ao nascer.
“Diabetes controlada com medicamentos ou com insulina, quando a hemoglobina glicada está em níveis adequados, tem pouca relação com a infertilidade. E também depende da causa do diabetes, se é uma endocrinopatia genética, desde a adolescência, que é o tipo 1, ou um diabetes relacionado a hábitos de vida, estilo de vida, quando associados à obesidade, hipertensão, por exemplo, aí, sim, tem maior risco de correlação do diabetes com a infertilidade, mas por múltiplos fatores”, completa o médico.
6. Problemas nos rins
A médica nefrologista e intensivista Dra. Caroline Reigada, também especialista em Medicina Interna, explica que diabetes é uma doença extremamente inflamatória, em que a quantidade exagerada de glicose no sangue é capaz de provocar a hiperfiltração do sangue nos rins (a chamada hiperfiltração glomerular).
Além disso, a especialista explica que rins, órgãos de filtração, contêm justamente muitos vasinhos, principalmente dentro das estruturas conhecidas como glomérulos, que são os verdadeiros filtros do sangue. “Os glomérulos podem ser muito prejudicados pelo diabetes. Quando isso ocorre, o paciente começa a perder proteína na urina, clinicamente correspondente ao aparecimento de espuma na urina, aumento da pressão arterial e edema (inchaço)”, evidencia a Dra. Caroline Reigada.
7. Complicações orais
De acordo com o Prof. Dr. Mario Sergio Giorgi, cirurgião-dentista homeopata e membro da Associação Brasileira de Halitose (ABHA), pessoas que apresentam essa doença podem ter repercussões orais. Isso se dá porque tais indivíduos têm alto risco para desenvolver problemas bucais como gengivite e periodontite. Isso, por sua vez, pode evoluir, comprometendo a saúde geral, visto que essas doenças podem alterar o nível glicêmico (nível de açúcar no sangue), provocando problemas de cicatrização e outras alterações que aumentam a probabilidade de processos infecciosos.
“Então, para prevenir essas doenças orais, o cirurgião-dentista precisa instituir um protocolo de promoção de saúde oral individualizado, adotando uma técnica de higiene oral eficaz, porém suave. Existem escovas dentais diferenciadas que atendem a essas necessidades, com cerdas de Curen […]”, finaliza o cirurgião-dentista.
Por Paula Amoroso
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