Depois de um longo dia, é bastante comum sentir o incômodo do inchaço nas pernas e nos pés. “Por serem responsáveis por sustentar o peso do corpo e devido ao efeito da própria gravidade, os pés, automaticamente, são o local de maior acúmulo de líquido do organismo, sendo os primeiros a demonstrar inchaço independentemente da causa”, afirma a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
A médica explica que, no geral, esse inchaço é benigno e regride rapidamente. Contudo, em alguns casos, pode ser sinal de condições mais sérias, demandando atenção especial. Por isso, observar os pés pode ser uma boa estratégia para identificar que algo não está bem no corpo.
Para ajudar aqueles que sofrem com o problema recorrentemente, a especialista lista algumas causas comuns do inchaço na região. Confira!
1. Calor
Após um dia puxado e quente, é comum que algumas pessoas notem o surgimento de inchaço nas duas pernas. “No calor, todo sistema circulatório, tanto arterial como venoso, sofre com um processo de vasodilatação, no qual os vasos sanguíneos se alargam. Isso faz com que o sangue circule mais lentamente no sistema venoso, com consequente retenção de líquido e sensação de aquecimento no local. Além disso, as veias ficam mais aparentes e há um aumento na predisposição a vasinhos e a varizes”, diz a médica.
2. Longos períodos sentado
O inchaço também pode ser resultado do muito tempo sentado. “A musculatura da panturrilha, responsável por bombear o sangue e ativar a circulação, fica parada quando estamos sentados, dificultando a circulação, o que pode causar retenção de líquido e, consequentemente, inchaço e sensação de pernas pesadas e cansadas”, afirma a cirurgiã vascular.
3. Gestação
Há várias causas para o edema fisiológico que surge na gravidez. “O problema pode estar relacionado, por exemplo, a fatores hormonais, visto que, durante a gestação, a progesterona é liberada em excesso, aumentando a dilatação das veias do organismo e tornando-as flácidas, o que pode levar ao inchaço”, explica a Dra. Aline Lamaita.
Contudo, há outros fatores: “além disso, o inchaço pode estar relacionado a pressão no útero exercida pelo bebê, já que, conforme cresce, o feto passa a comprimir a veia cava, que fica dentro da barriga, elevando assim a pressão nas veias das pernas e prejudicando terrivelmente o retorno do sangue das pernas para o coração”, esclarece a médica.
4. Uso de medicamentos
Existem algumas medicações que também estão envolvidas no inchaço dos pés e tornozelos, por aumentarem a vasodilatação. “Essas medicações, utilizadas como anti-hipertensivos, podem causar o inchaço, principalmente na população mais idosa. E a própria hipertensão arterial também pode favorecer o surgimento dessa alteração nas pernas quando não está devidamente controlada”, acrescenta a especialista.
5. Lipedema
Maior tendência ao acúmulo de líquido também é um sinal de lipedema. “Trata-se de uma condição caracterizada pelo acúmulo de tecido gorduroso com aumento desproporcional no tamanho principalmente das pernas e quadris, apesar de também afetar os braços em um menor número de casos”, explica a cirurgiã vascular. Outros sintomas da doença incluem aumento simétrico do tamanho dos membros, sensação dolorosa ao toque e aumento da frequência de hematomas espontâneos.
6. Outros problemas circulatórios
Condições circulatórias também têm relação com o acúmulo de líquidos, como a trombose. “A insuficiência venosa, as famosas varizes, e a síndrome pós-trombótica também têm como consequência o inchaço crônico nas fases mais avançadas, geralmente associado a dermatites, escurecimento da pele no local e até aparecimento de feridas”, explica a Dra. Aline Lamaita.
O linfedema, por causar alterações no sistema linfático, frequentemente também leva a um inchaço crônico e pode evoluir para deformidade do membro. “Porém, é importante não confundir o linfedema com o lipedema. Ao contrário do lipedema, o linfedema não é simétrico e não causa sensação dolorosa ao toque. Mas vale ressaltar que o lipedema, em seus estágios mais avançados, pode levar ao surgimento de linfedema”, salienta a cirurgiã.
7. Causas sistêmicas
O inchaço nos pés e nas pernas também pode ocorrer por problemas mais generalizados no organismo. Como exemplos, pode-se citar alterações na tireoide e nos hormônios femininos (na menopausa, por exemplo, porque levam a uma vasodilatação que favorece o acúmulo de líquidos).
“Outra causa sistêmica do inchaço é o mau funcionamento dos rins, que está relacionada a um acúmulo de líquido importante em todo o corpo, pois, em quadros de insuficiência renal, os rins deixam de filtrar e expelir a urina, gerando um desequilíbrio hídrico que também se manifesta nas pernas”, conta a médica.
Como combater o inchaço?
A Dra. Aline Lamaita reforça que, se o inchaço regredir facilmente com o repouso ou após uma noite de sono, não é preciso se preocupar. “Nesses casos, é possível adotar medidas para melhorar o desconforto e ajudar a reduzir o inchaço, como elevar as pernas no final do dia, fazer compressas frias com chá de camomila, evitar o consumo de sal, beber bastante água e praticar exercícios físicos”, aconselha a especialista.
Porém, se o edema é frequente, persistente, unilateral ou associado a outros sintomas, como dor, coceira e vermelhidão, é fundamental procurar um cirurgião vascular. “O médico poderá realizar uma avaliação para verificar a existência de algum problema mais sério, além de indicar estratégias para ajudar a diminuir o acúmulo de líquidos, como o uso de medicações e meias elásticas de compressão”, finaliza.
Por Pedro Del Claro
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